quinta-feira, 25 de março de 2010

Filme de Noir

Coração meu, esse meu pequeno coração. Pensei e pensei tanto...
Quis vê-lo, escapava, pela nossa distancia. Batia e rebatia, escondido na luz...
Então fechei os olhos. E como quem gira uma roda de bicicleta, vi:

Meu coração é um sapo rajado, viscoso e cansado, à espera do beijo prometido capaz de transformá-lo em príncipe.

Meu coração é um álbum de retratos tão antigos que suas faces mal se adivinham. Roídas de traça, amareladas de tempo, faces desfeitas, imóveis, cristalizadas em poses rígidas para o fotógrafo invisível. Este apertava os olhos quando sorria. Aquela tinha um jeito peculiar de inclinar a cabeça. Eu viro as folhas, o pó resta nos dedos, o vento sopra.

Meu coração é um mendigo mais faminto da rua mais miserável.

Meu coração é um ideograma desenhado a tinta lavável em papel de seda onde caiu uma gota d’água. Olhado assim, de cima, pode ser Yng ou Yang. Ou qualquer um, ou qualquer outro: indecifrável.

Meu coração não tem forma, apenas som. Um noturno de Chopin (será o número 5?) em que Jim Morrison colocou uma letra falando em morte, desejo e desamparo, gravado por uma banda punk. Couro negro, prego e piano.

Meu coração é um bordel gótico em cujos quartos prostituem-se ninfetas decaídas, cafetões sensuais, deusas lésbicas, anões tarados, michês baratos, centauros gays e virgens loucas de todos os sexos.

Meu coração é um traço seco. Vertical, pós-moderno, coloridíssimo de neon, gravado em fundo preto. Puro artifício, definitivo.

Meu coração é um entardecer de verão, numa cidadezinha à beira-mar. A brisa sopra, saiu a primeira estrela. Há moças na janela, rapazes pela praça, tules violetas sobre os montes onde o sol se p6os. A lua cheia brotou do mar. Os apaixonados suspiram. E se apaixonam ainda mais.

Meu coração é um anjo de pedra de asa quebrada.

Meu coração é um bar de uma única mesa, debruçado sobre a qual um único bêbado bebe um único copo de bourbon, contemplado por um único garçom. Ao fundo, Tom Waits geme um único verso arranhado. Rouco, louco.

Meu coração é um sorvete colorido de todas as cores, é saboroso de todos os sabores. Quem dele provar, será feliz para sempre.

Meu coração é uma sala inglesa com paredes cobertas por papel de florzinhas miúdas. Lareira acesa, poltronas fundas, macias, quadros com gramados verdes e casas pacíficas cobertas de hera. Sobre a renda branca da toalha de mesa, o chá repousa em porcelana da China. No livro aberto ao lado, alguém sublinhou um verso de Sylvia Plath: "Im too pure for you or anyone". Não há ninguém nessa sala de janelas fechadas...

Meu coração é um filme noir projetado num cinema de quinta categoria. A platéia joga pipoca na tela e vaia a história cheia de clichês.

Meu coração é um deserto nuclear varrido por ventos radiativos.

Meu coração é um cálice de cristal puríssimo transbordante de licor de strega. Flambado, dourado. Pode-se ter visões, anunciações, pressentimentos, ver rostos e paisagens dançando nessa chama azul de ouro.

Meu coração é o laboratório de um cientista louco varrido, criando sem parar Frankensteins monstruosos que sempre acabam destruindo tudo.

Meu coração é uma planta carnívora morta de fome. Meu coração é uma velha carpideira portuguesa, coberta de preto, cantando um fado lento e cheia de gemidos - ai de mim! ai, ai de mim!Meu coração é um poço de mel, no centro de um jardim encantado, alimentando beija-flores que, depois de prová-lo, transformam-se magicamente em cavalos brancos alados que voam para longe, em direção à estrela Veja. Levam junto quem me ama, me levam junto também.

Involuntário, cascata de champanha, púrpura rosa do Cairo, sapato de sola furada, verso de Mário Quintana, vitrina vazia, navalha afiada, figo maduro, papel crepom, cão uivando pra lua, ruína, simulacro, varinha de incenso.

Acesa, aceso - vasto, vivo: meu coração é teu.

sábado, 20 de março de 2010

Me recuso

Me recuso.
Me recuso a aceitar a dependência de você. Não aceito que a vida só faça sentido se ela passar por você. Não admito que os dias cinzas sejam tão difíceis porque você não está aqui. E que os dias de sol sejam mais bonitos porque me lembram você.
É cruel, e eu prefiro assim, trancar o peito e não deixar você nele. Porque você me faz tão bem quanto me faz mal. E eu não preciso do seu mal. Eu já tenho o meu.
O tempo que te afasta é o mesmo que te traz pra mim. E me faz andar em círculos. E me paralisa. E me toma de assalto de um jeito que eu não respiro, nem durmo, nem como, nem penso em mais nada que não passe por você. E você? Você segue o calendário, como se ninguém existisse. Você passa pelo outono sem deixar que as folhas amarelas te provoquem qualquer tipo de emoção.
Você não me serve. Você não cabe em meu altar. Você não pode ser adorado, cuidado, servido. Você não pode deixar de fazer sentido. Você não pode deixar de acordar cedo amanhã.
E eu planejo de todas as formas. Penso em como me livrar de você. Desejo ardentemente que meu peito bata com calma e sei que isso só será possível quando não mais houver traços seus nele.
Briga inútil. Destino fútil esse seu. O de estar condenado a ser amado assim. E nem ao menos saber que tal amor existe. Que ele vai perecer aqui. Porque me recuso que ele seja seu.

Exorciso-me

Eu te escrevo porque prefiro que você saiba, ainda que não tenha coragem de te dizer com minha boca, que é isso que sinto. Não acho que você valorize. Ou entenda. E nem espero que responda. Aliás, prefiro não ter resposta. Eu escrevo para te dizer isso porque acho que você precisa saber. Não porque você mereça, mas porque isso não pode ficar aqui, trancado dentro mim. Isso tem que sair, tem que acabar de alguma forma. E eu sei que acaba. Sempre acaba. Mas não consigo esperar. Não quero. Prefiro escrever, te escrever, te arrancar, letra por letra, de mim.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Palhaçaria


A Palhaçaria é de natureza, não se escolhe. Equivocados estão, os que pensam que ser Palhaço é opção... Palhaçaria é descoberta. Um dia de chuva, Um pôr do sol maravilhoso, um restaurante vazio, um restaurante lotado, no meio do trabalho, durante um gole de cerveja ou de frente para o espelho com a cara borrada no fim da madrugada, Basta uma desatenção reflexiva:

Quantos passos foram dados até ali, calçando sapatos enormes? E as lindas flores sempre nos cegando com seu jato de água fria... Com chapéu? Quantas quedas serão necessárias, pra que o público ovacione? Bolinha ou xadrez? E depois? O que acontece com o picadeiro quando não há mais ninguém? Qual é a graça?
É quando você se vê apegado pela repetição de seus próprios números, e percebe que sem perceber, seu rosto foi pintado... O vermelho da sua boca excede as bochechas; Não importa sua cor, você anda pálido; Há uma lágrima eterna embaixo de seu olho, mesmo que você não derrame nenhuma; e no centro do seu rosto abismado você vê seu nariz doente, avermelhado pelo próprio sangue, o sangue que te destinou a estar ali... Nos encarando sem saber por quê, ouvindo ao longe as risadas de desconhecidos ecoando dentro de sua própria casa... Querendo te ver Palhaço.

O Circo está montado. O apresentador grita seu nome e de sorriso maquilado, você vai para a marca sem ser consciente da sua caminhada, quem te guia são as mãos do Palhaço por entre os panos escuros da coxia, a mesma trilha engraçada grita em tom de piada antiga nas caixas, a cortina se abre e lá vai você. Palhaço involuntário, a serviço do riso alheio.

Demais

Quero tudo novo
Quero tudo de novo
Quero ser e estar
Quero fazer e gostar
Não quero parar
Nem quero partir
Quero ficar e quero ir
Quero o que não posso
E saber disso, aliás
Não me impede de querer
Não me impede de saber
Que ando querendo demais

Agora


Cansei de esperar. Se você vier, vou gostar. Mas vou embora com ou sem você. Tem que vir já. E por inteiro porque agora é assim: não vou mais fazer as coisas por partes. Agora tem que ser tudo ao mesmo tempo agora.

Causa e Efeito

Te corto da minha vida
Como quem corta a própria pele
Não quero
Você tatuado em mim
Não quero nada
Que me lembre você
Lembrando de mim
Só quero dormir
E acordar amanhã
Muito tempo depois
Quando você for apenas
Uma história tola
Remédio ruim
Que já fez efeito

sábado, 13 de março de 2010

Cera Quente,

Casal feliz não tem amigos. Não tem testemunhas. Eu não caracterizaria de felicidade, é desinformação. Ninguém sabe da intimidade deles para definir o quanto estão ou não contentes.

Meu amor é brigado. Passa a imagem de tormenta, de crise, de luta, mas corresponde a uma convivência normal, de altos e baixos. Anormal é uma relação sem nenhuma anormalidade.

Não guardo pena de mim ou de minha namorada, mas dos amigos que seguram velas. Há sempre mais cera do que fogo.

Vivo pagando mico. Eles têm que suportar a bi-polaridade do amor. Uma coisa é segurar a vela no início do namoro, outra é segurar o próprio bolo com a teimosinha acendendo e apagando a cada sopro ou vento da janela.

Num dia cinzento, ligo para chorar que me separei, suspiro o uísque, fumo os soluços. Sou um suicida perigoso. Exijo cumplicidade, imunidade poética, obcecado em comprovar que não havia jeito de continuar. Falo mal à beça da namorada, destrato e subestimo o passado. Eles concordam.

No sol seguinte, fico condicionado a telefonar na maior desfaçatez e comunicar a reconciliação. É extremamente constrangedor. Contornei o que julgava irreparável, reabri o que anunciava como definitivo. Sou o salvador do suicida. Mudo o tom e a esperança. Falo bem à beça da namorada, elogio e exalto o futuro, reconheço o tanto que ela me apóia, descortino argumentos favoráveis e destaco a resistência da união que supera a mortalidade infantil das ameaças. Eles concordam.

Depois de publicar o retorno no Diário Oficial, eu me penitencio. Já estava na hora de entender: o par que apronta escândalo na despedida permanecerá junto. Perigosa é a separação seca, abrupta, cansada de explicações.

Às vezes, acho que não tenho que ceder, que amigo que é amigo providenciará um desconto e ouvirá a história pela enésima vez com o interesse da novidade. Na maior parte do tempo, acho que cometi bobagem e meus confidentes estão de saco cheio. Eu me afogo no raso. Talvez necessite mudar, vejo que engrandeço a vida a ponto de recusar uma mísera contrariedade e me vingo com o exagero.

A angústia é uma falsa urgência. Todo casal separado deveria não fazer absolutamente nada dentro do prazo de cinco dias. Não decidir movimentação alguma, permitir o corpo esfriar o desaforo, talvez entrar numa clínica ou num spa para desintoxicação vocabular.

O que acontece é cômico. Não transcorreu uma manhã do tumulto, vem uma sanha do remorso, uma conspiração maquiavélica a destruir os antecedentes. O amor se torna um crime impronunciável e mergulhamos numa mobilização desenfreada para limpar a memória, o computador e apagar as pistas. As fotos do orkut são excluídas, as senhas trocadas, as telas de proteção e os porta-retratos desaparecem, os livros afrouxam a costura sem a página da dedicatória, as cartas recebem a visita do picotador de papel. Até o chaveirinho mimoso, comprado no Brique da Redenção, é removido da argola das chaves.

Quando os dois voltam, sacrificou-se metade da memória. É aquela flutuação de fantasma na primeira semana. Uma impressão de que somos facilmente substituíveis e descartáveis.

Não se conservou nem o número no celular e experimenta-se a perversidade de perguntar de novo. O que foi construído durante meses entra numa caixinha para a caridade.

Qualquer morto depende de 24 horas antes de ser enterrado. O mesmo é indicado aos relacionamentos. Confie na ressurreição, não apresse a cova, poderá ser apenas mais um buraco no jardim.

O amor não é sacrifício,

Onde se pode tudo já não é amor.

Não é permitido qualquer coisa, podemos transformar um sentimento verdadeiro em submissão e tirania. As fronteiras são quase invisíveis.

Antes de ser mago e professar curas pelo caminho de Santiago, Paulo Coelho escorregou na magia negra de seus relacionamentos.

Está lá em sua biografia escrita por Fernando Morais.

Na juventude, namorava uma mulher linda, Fabíola. Ele não acreditava que ela, tão elegante, tão justa, tão educada, tão exuberante, tivesse o escolhido.

Pediu uma prova. Ela respondeu ingenuamente "o que quiser" (quantas vezes respondemos antes mesmo de ouvir a pergunta?).

Ele cruelmente apagou o cigarro em sua coxa. Ela não podia chorar, deveria receber a marca calada, como uma vaca, um animal doméstico. Acolher a ferradura em brasa e se apequenar a um dono.

A cicatriz existe até hoje e sempre existirá debaixo das saias, por mais coloridas que sejam.

Amor não é cartório para autenticar assinaturas. É muito simples. Ou é bom ou não é amor.

Quem pede provas pede renúncia. Quer encerrar o assunto, não prosseguir a convivência com as dúvidas e a oposição necessárias para aperfeiçoar o entendimento.

Diante de exemplos como o de Fabíola, raramente a carapuça serve. Pensamos: que horror! Eu jamais faria isso. Mas deixar de ser quem somos em nome da paixão é corriqueiro. Parece que defendemos uma causa maior do que a própria vida.

O sacrifício não é uma medida. A matemática da relação funciona de modo pouco óbvio. Negar o pedido é abrir espaço para a diferença e cultivar o contraponto.

Exigir que o namorado ou a namorada satisfaça nossas inseguranças é o trajeto mais fácil e o mais doloroso no final. Terminaremos ambos insatisfeitos e feridos com as excentricidades.

Felizes para sempre é agora.

Segunda

Hoje acordei desanimado. Não quero falar com ninguém. Não quero ninguém falando comigo. O mundo está feio e quero que ele se exploda. Não quero trabalhar. Que o trabalho se foda. Vou ligar praquele mala e dizer que hoje não vou. Aliás, vou ligar nada. Amanhã eu invento qualquer coisa. Isso, se eu for amanhã.

Vamos ver como esse dia passa. Eu vou é ficar por aqui. Não quero sair dessa cama. Não quero nada com nada. O que tem lá fora? O que esse mundo cão pode me oferecer? Eu estou de saco cheio. Não tem nada pra me animar. Não amo ninguém, ninguém me ama. Não tenho vontade de amar. De que me serve isso? As pessoas são só pessoas. Mesquinhas, fracas, egoístas. Ninguém abre o coração. Ninguém dá a cara pra bater. Porque eu então?

Tô cheio disso. Não quero mais. Fico procurando dentro de mim um motivo pelo menos. Um motivo só. Essa cama me parece tão grande. Esse mundo me parece tão grande. E eu me sinto tão pequeno.

Vou ficar por aqui. Pelo menos debaixo desse cobertor, ninguém vai me encher o saco. Ninguém vai ficar me cobrando, me fazendo pressão. Ninguém vai ficar me dando ordens. Ninguém vai vir me dizer o que eu não quero ouvir. Ninguém vai mais me desapontar.

Se eu ficar aqui, bem quieto, é capaz de ter alguma paz. Se eu não falar com ninguém, quem pode me responder mal? Se ficar bem quieto, ninguém vai notar. E de repente esse aperto no meu peito passa.

E se nada disso adiantar, vou cortar os pulsos. Vão todos chorar e perguntar porque será que eu fiz aquilo. Bando de imbecis hipócritas. Mas se essa for a solução, é isso que vou fazer.

Que horas são? Merda. Dez pras oito. Se eu chegar atrasado de novo o mala vai me matar.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Diluvia


Chove em São Paulo.
Como tem sido, mesmo não fosse verão, São Paulo envelhece a contas de chuva. Se estas águas são de fevereiro o quê dirão as de março. Chove muito em São Paulo.
Arregaço a boca da perna da calça. Arregaço o botão do peito. Que horas são?...
Horas pra quê se chove em São Paulo!
O rio agora que te ouviu
e vem vindo grande e sujo lavar teus pés.
Diluvia...
Lá se vai um par de botinas com ratinhos marinheiros pestilentos
Descendo as ruas
Despencando no cobertor de lama
Lá se vão flores roxas e girassóis e cachorrinhos quentes sem madames
Passa boi, boiada e as caravelinhas de lata, milhões delas, com famílias,
Executivos, estudantes cabulados, sogras, servos do prefeito, o amante e a casada,
Os operários alagados, a classe média deslavada...
Todas navegando em dia de rodízio sobre a água que cai em gota e sobe em larva.
Essa cidade meus senhores nem vos conto!
Chove em São Paulo.
Eu corro pequeno dando saltos nas calçadas
Desviando das pedras de gelo,
Dos guarda-chuvas quebrados, dos mosaicos pichados,
            Foram mendigos que passaram por nós
            E mergulharam nos bueiros?...
Da lama que sobe meus irmãos, pois chove a dias.
            Não deve ter sido
Mendigos não cabem em bueiros.
As marginais desmarginaram.
O que há de ser salvo, diluvia.
O que há de ser correria, diluvia.
Diluvia rombos públicos, bancos públicos, violência pública.
Estado privado. Saúde privada. Comida privada.
Diluvia lama do suor das moedas, da tintura das cédulas
Diluvia.
Meu Deus, vê-se das casas grandes
As casas pobres descendo a rios.
Os cofres, meus irmãos, ficam no alto
As rachaduras no céu vazam
Diluvia ira ínfima do cheiro da carne humana no fim do dia
Diluvia Anhangabaú
Senhores, a República afundou!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Talvez tudo, talvez nada.

Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada. 

 
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